sábado, 15 de junho de 2024

Salários mínimos em troca da vida?

 



10 anos “formais” e 21 anos de estudos e caminhada na saúde mental e por incrível que pareça, todo o momento considerado informal acerca da possibilidade de escuta foram e são os mais intensos e apaixonantes de toda a composição do meu trabalho.

Antes de me movimentar como profissional, me movimento no mundo como pessoa e ainda que abastecida de técnicas e metodologias criteriosas para não me envolver a nível de adoecimento, nenhum processo de escuta está em sua integralidade se me valho de armaduras ao invés da compreensão e potência com que o elemento dor, nem sempre afetuosamente, interfere em minha história.

Como atravessar a dor e as coisas percebidas como injustiças, sem sucumbir ao cansaço, desânimo, às dificuldades cotidianas que volta e meia surgem nas entrelinhas dos dias, estejam eles ensolarados ou amedrontados pela cor cinza do Outono?

Como caminhar, por aí, como um corpo que até o final da era vigente, será visto como “pagão”, desobediente, problemático em suas formas, texturas, cheiros, sexualidades e psicossomáticas?

Interessante que tentam me vender entretenimento de péssima qualidade, com o nome de “arte e cultura” e me enrabam com inúmeras estruturas de violências relacionais com a intenção de fazer minguar como uma grande esquisita quando não sei opinar sobre a vida do Seu Ninguém, pois realmente isso não me interessa.

Meu corpo grita cada vez mais por urgência na calma.

Calma não significa nada além de olhar com atenção não somente para o que estamos fazendo, mas com as pessoas que estão tornando qualquer coisa possível nesse momento. O que elas estão experienciando? Quais são suas dores das quais não falam? O que escondem delas mesmas? Não para que sejamos um confessionário mas para que nos vejamos como pessoas libertas das falsas necessidades e então, o que é necessário?

O sonho. Sonho que não paga aluguel e nem comida, mas o não-sonho não paga a doença, o não-sonho a gente paga com a vida.

A mulher corpo-problema, vê problema-solução em tudo e “ninguém vai querer ela desse jeito”.

(Adicionar nesta receita, fartas pitadas de gargalhadas viscerais.)

Feito para pensar. 🌻🐝

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