O Tarot recomendou ser “sem vergonha” e isso na condição rasa do pensamento humano, direciona a mente primitiva (minha e de quem mais for o caso) ao contexto sexual, o que é perfeitamente aceitável do ponto de vista freudiano, uma vez que, em grande parte do amadurecimento afetivo, a libido está em evidência.
A questão é que a vergonha têm raízes profundas, e é como se antes mesmo de tomar uma ação, o pensamento se orientasse por modelos catastróficos, traumáticos e/ou associados com processos muito dolorosos. Sentir vergonha do meu pensamento, fala, escrita, sentimentos, ações ou não ações é estar na regência do arquétipo do “pendurado”: Mãos e braços amarrados, o mundo de ponta cabeça e o sangue sem possibilidade de bombeamento, diante de uma posição à qual o corpo não foi projetado para.
Assim, eu não compreendo o mundo, sobretudo o interno e não sei como me posicionar diante da vida e de suas demandas, por vezes, inóspitas.
Já sobre a libido, Jung vai, sabiamente, ampliar a teoria tradicional de Freud e dizer que ela é a responsável pela composição da existência, então eu posso sentir prazer não somente quando sou fisicamente tocada, isso seria superficial e com prazo de validade concreto. O tesão se estende por todo um conceito representativo e seu real significado, pode ser um alimento, música, trabalho, estudo, uma responsabilidade, algo que esteja relacionado ao sentido de utilidade e propósito ou completude, lembrando que já somos seres completos, mas na maior parte das vezes, pode ser complexo sentir que isso é possível, pois a nossa consciência se direciona e ampara em um trajeto denso e escuro que é o reino das sombras.
A vergonha é uma sombra e isso não significa que ela necessariamente precise receber o título de vilã, assim como o medo ou qualquer outra situação percebida como ruim. Se está disposto em nosso leque de opções dentro de processos cognitivos ou mentais, então há sim, a necessidade, caso contrário, seríamos pessoas totalmente (e,mais ainda) governadas pelo raso e despropositado.
Há aqui um quebra-cabeça, que merece ser respeitosamente montado!
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