Como criar uma sociedade saudável, se a base da nossa criação é a humilhação?
Imagine só, você com 4 anos de idade, na sua frente há uma pessoa adulta berrando tal qual uma besta raivosa. Não importa o que ela está comunicando. É violento, agressivo e todos estão olhando mas não podem interferir pois há o “combinado” do mundo adulto, onde não se é recomendado intervir quando uma criança está sendo “educada”.
Agora imagine o adulto da abstração anterior, ainda criança, com 4 anos de idade e uma ou mais pessoas adultas, praticando os mesmos métodos.
É cíclico e, para além disso, não refere-se apenas aos cuidadores, mas a toda uma sociedade que aguarda sempre, ansiosamente, que tratemos àqueles que parecem mais frágeis ou menos sábios, com ações “enérgicas”, hierárquicas, demonstrando toda a potência e função da humilhação e do castigo. O treino incontestável é para que todo mundo acredite que a humilhação tem caráter educativo, pois aparentemente, à medida que eu me sinto na posição de poder humilhar o outro ser humano, não necessito trabalhar meu ser interno, organizar e compreender meus sentimentos e transformá-los na medicina da comunicação.
Parece mais simples, deixar a raiva, as frustrações, os cansaços, preocupações e angústias tomarem conta do diálogo e determinar a mecanização da convivência.
Os resultados são incontáveis e tristes.
Por sorte, essa caminhada dentro das partilhas da saúde mental, me disponibiliza, diariamente, uma imensidão de conhecimentos e esperanças de Paulo Freire: Ainda que seja doloroso, novas consciências formando novos rumos e me entregando estórias preciosas sobre suas jornadas no ventre da Mãe Terra.
Confirmo que as crianças cresceram, mas também estão aprendendo a sorrir e a brincar novamente, como se não houvesse amanhã, pois não há.
Por aqui, a criança interior não para o trabalho, um minuto.🌻

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