sábado, 15 de junho de 2024

Aquilo que a gente não conta para ninguém


 Eu “conheci” o tantra em 2018, quando a professora de psicopatologia comentou durante a aula, que uma de suas conhecidas obteve uma melhora significativa após iniciar um ciclo de massagens.


Quando me entreguei à primeira oportunidade de vivenciar, já em 2021, nessa mesma época do ano, lembro-me de chegar em casa, fechar todas as cortinas, janelas e portas, desligar todas as luzes e precisar não somente ficar nele, mas sentir o escuro dentro de mim. Ainda que minhas palavras possam conter conotações poéticas, meu corpo desejava absorver e observar a própria escuridão: Aquilo que existe dentro, mas que não conto para ninguém!
Dimensão fria e inóspita. Pouca coisa consegue sobreviver nesse “lugar” que abriga medos, vulnerabilidades, as partes de mim que não aceito, as outras partes que deixo amparadas por pão e água, vivendo com migalhas como se fossem grandes banquetes.

Daí então, percebo que passei uma vida inteira sendo convidada a estabelecer relacionamentos rasos, mantendo-me preocupada com um tipo, uma estrutura, formato de corpo, amarrando o prazer em gêneros e invenções de um sistema que lucra em cima da fetichização dos corpos. É, foi de lascar. Ainda mais quando a "gente" jurava ser mega-desconstruída e liberta.

As sombras dançaram abraçadas comigo naquela noite, e acredito que “toquei" canções de Lilith, as quais ecoam até o momento presente.

Reside grande potência na sombra, que comumente é silenciosa. Entrar na posição da receptividade, para ouvi-la, é falar de redenção.

Não é sobre ter um corpo biológico etiquetado como mulher, em Lilith louvamos a alma/ essência. São infinitas as possibilidades.
É na sombra que acolho a mudança e ancoro as estruturas do perdão. Primeiro à mim. Nessa transmutação, já não são cabíveis os dedos apontados ao outro. Acolho e escolho. Se a situação não muda, não preenche ou não desenvolve, quem faz as malas, sou eu.

EU SOU o EU SOU.

Abro os braços para receber a serpente como a uma velha amiga, que às vezes dá conselhos e nenhum deles são bons, mas também não são maus.

O sentido, sou eu quem crio.

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