Hoje faltou água na rede de abastecimento da região. Quando retornou e pude abrir a torneira, o jato foi tão forte que molhou toda a pia.
O capitalismo é treinado para produzir e incentivar a consciência de que, autocuidado é uma ação associada com a quantidade de coisas que podemos adquirir para suprirmos as faltas internas, sejam elas físicas ou não.
Mas o que o autocuidado tem a ver com a pressão da água, depois de algum tempo sem fluir livremente?
[Minha mente funciona a maior parte do dia na relação com os símbolos e porque não dizer, tudo o que é considerado corriqueiro ou abstrato.]
Quando “entocamos” as emoções que envolvem o choro e a fala, é certeiro que em algum momento as coisas precisarão retornar ao seu curso normal e no que refere-se ao campo do sentir, o encanamento da empresa distribuidora, não irá vivenciar as percepções profundamente dolorosas que é ter a chance de expelir uma ou algumas mágoas mas a metáfora é amplamente válida.
Autocuidado não é romântico como sugestionam as tantas imagens recheadas de incensos, cristais, fogueiras e medicinas. Tem muito enfrentamento e limpeza. Por anos.
Criar disposição para o autocuidado requer algumas ou muitas doses de valentia. É poder ter condições de fazer as pazes com os próprios barulhos para conviver em harmonia com a qualidade do silêncio natural, pois, silenciar de uma forma que não seja nociva, implica em dizer ou manifestar, da melhor forma possível, o que é necessário para a manutenção da saúde física e mental.
Não é sobre deixar de adquirir ferramentas para de fato, cuidar melhor de si, mas é ter a lucidez de que nenhuma delas é capaz de estruturar inteligência emocional se não houver disponibilidade e disposição para não depender de fatores externos, pois toda somatização está abraçada a uma causa raiz.
Evitar sentir, é engessar o amor.
Que nossas emoções e sentimentos, não se “comportem”!

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