sábado, 25 de fevereiro de 2023

Faz sentido?


Eu gosto quando a minha cabeça liga a "função de produzir ideias", mas se não for possível observar cada uma delas, não começo, não termino e PIOR, não me aprofundo em questão alguma. 
O resultado é certeiro: Bagunça! 

Escrever me auxilia a codificar, estruturar, organizar e estabelecer um plano de ação para toda e qualquer demanda. Se eu crivo um momento específico para aprender com cada coisa que estudo, estou limitando o tempo e o espaço da minha aprendizagem, portanto, enxergo como cada movimento diário proporciona um relacionamento entre os grandes e os pequenos mistérios da vida. São nas coisas mais corriqueiras e aparentemente desimportantes, onde ocorre a interação conhecimento x sabedoria. 

Estava lavando a louça, e um pensamento me chamou atenção: “É difícil ser feliz, quando não me sinto útil”. 

Eita pensamento gostoso, me conta mais?

Alguém que fica muito feliz com a minha visita, me demonstra que tenho utilidade na existência dela, seja por qualquer razão e percebo que ocupo um lugar muito mais denso quando não me sinto útil para alguém. O próximo diálogo, foi exatamente sobre a importância de ser útil, de poder apoiar o outro e sendo esse, um exercício externo, na realidade só é produtivo quando a pedagogia é interna. Caso contrário, qualquer outra situação que "invalide" minha importância, tais como término de relacionamento, tempo de descanso, demissão do emprego, ou seja: rejeição de qualquer natureza, poderá resultar em um processo bastante doloroso.

O outro lado é assumir o papel cujo sentimento consiste em comentar assim: “ Eu não sirvo para nada, logo, não preciso de fato, servir para nada”. 
Ser útil à alguém, para uma causa, um emprego, não está amparado em bases sólidas daquilo que realmente somos, ora, caso o agente externo, por qualquer motivo que seja, não se faça mais presente, então toda a minha possibilidade de existir, escoa pelo ralo. 

Assumir um papel e experienciar vivê-lo por anos a fio, é uma questão delicada,  o ator de boa qualidade sabe onde o personagem começa e onde termina, ainda que ambos sejam um só e partilhem das mesmas dores, potências e existência. 

Faz sentido, para você, essa viagem?

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Saúde Mental é treino. Vivência. Experiência.


Presumo que a maior parte das pessoas aqui presentes, aprendeu, ainda criança a utilizar talheres como ferramentas em apoio ao processo de introdução alimentar, correto?
Pois bem, vamos imaginar que hoje, com 34 anos, eu fosse aprender a utilizar colher para me alimentar: Seria um treinamento de alguns longos dias até que conseguisse manuseá-la, não é mesmo? Creio, que esses dias estenderiam-se, caso os utensílios utilizados fossem um garfo e uma faca. 

Mas e o que isso tem a ver com saúde mental?

Simples! 
Saúde mental é treino. Vivência. Experiência. 

Não tenho dúvidas, e nem questiono se estou fazendo correto, quando me sirvo de qualquer alimento, através de colher ou garfo e faca, pois desde pequena fui ensinada a agir dessa forma, então julgo realmente ser a melhor. 

Certa vez, eu abri uma caixinha de questões por aqui e uma pessoa comentou sobre o desejo de comer com as mãos, qualquer tipo de comida, e sobre sua vergonha caso decidisse se comportar desse modo. 

Pensar diferente do que é costumeiro, não é tão simples quanto parece, mas é fácil. Como algo que não é tão simples, pode ser fácil? Nesse caso, construir a dinâmica de compreensão que também a nossa forma de existir no mundo, está acomodada dentro de um processo histórico e cultural e que não pode ser fatiada para fora daquilo que somos no momento presente, é de suma importância.

Retomando o exemplo simples da própria alimentação, há culturas que utilizam as mãos para comer, e outros povos se garantem com palitos de madeira. Nesse caso, dos orientais, a textura mais "pegajosa" dos alimentos acompanha o tipo de ferramenta e uma situação se adequa à outra de modo extremamente adaptável.

Preparar a mente para o novo, não para a situação fantástica que mudará o curso das coisas, mas para o fantástico que há em todas as situações cotidianas e suas repetições, ao final de uma sucessão de microrrevoluções altera a potência da constância da mente. Abandona-se e compreende os costumes mecânicos, somente quem exercita os estados de momento presente. A novidade exercita ampliação do olhar.

Que barulho faz, um alimento crescendo dentro da terra?

O que dá para fazer diferente, hoje, agora?

Exercita.🦋

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Há condições, para entregar amor?

Posse. Controle. Obsessão. Dependência. Hierarquia. 

Eu te amo, criança, desde que você obedeça, brinque sem fazer barulhos, não chore e mantenha as coisas organizadas. 

Um objetivo de pesquisar culpados, é desinteressante quando estamos de fato, tentando solucionar questões advindas da nossa cultura relacional. 

Com permissão concedida para citar essa fala, tempos atrás durante o acompanhamento de um processo, observei uma dor que emergiu à consciência:
 - Eu aprendi que o amor dói. Eu tenho medo do amor, ele não é bom. 

Quando falamos de processos inconscientes, mergulhamos em espaços muito profundos, suprimidos, por questões de segurança. A questão é que a mente não compreende de forma racional, motivos palpáveis que justificam suas condições emocionais ou físicas no momento presente, por outro lado o campo emocional irá “reclamar” situações dolorosas antes experienciadas, através de inúmeros sinais não somente de ordem sentimental, mas também através de manifestações físicas e facilmente rastreáveis. 

Não é fácil reformular a concepção construída sobre o que é o amor, mas é simples e exige investimento diário em uma ferramenta gratuita que é o "exercício do próprio pensamento". 

É comum que a mente crie sentido para justificar o modelo dos relacionamentos "atuais", construídos desde a infância, como no processo citado, onde já em idade adulta, podemos mentalizar a fala de uma criança entre 7 e 9 anos que acompanhou inúmeras violências, dentro do ambiente familiar.
 
Em termos de psicologia profunda, não vamos procurar qual a razão, pois não há somente uma e, para além de serem muitas, não temos campo de ação se essa não for pensada por um grupo. 

Agora, se essa é a história de muitas pessoas, como vamos prosseguir, com isso? 
Devemos?

sábado, 4 de fevereiro de 2023

O tempo dentro do tempo


 

Gosto de tecer a ideia de “tempo dentro do tempo”. 

Outro dia, em uma pequena pesquisa dentro da plataforma digital, 80% das pessoas disseram não saber “aproveitar” o tempo. Poderia cunhar muitos pensadores, mas reduzir a genialidade da existência humana em uma pequena parte, seria de uma marginalidade imensa, ainda que essa questão fosse respondida por 1 bilhão de pessoas, faltariam cerca de 7 bilhões.

Não parece rentável, mas: Olhemos uma pessoa por vez!

Se somos ensinados a compor padrões humanos tão mecânicos, é consequência óbvia que muitas pessoas comportem-se da mesma maneira.

Curiosamente, utilizamos grande porção de tempo para ganhar tempo e, depois, como somos incentivados a “aproveitar” o que ganhamos?

Em visita a uma aldeia indígena, encontrei e adquiri duas artes e outro companheiro, também, a artesã, logo em seguida, junta seus objetos e vai embora.
O companheiro, espantado me diz: Mas agora que ela começou a vender, resolve ir embora?
Sim, a relação com o tempo é uma cultura. Muito possivelmente, naquele momento, ela recebeu o necessário para viver o dia e partiu para agir naquilo que era de seu desejo. A mentalidade colonizada, pensa em acumular.
Vivemos, como sociedade, uma felicidade baseada em consumir, adquirir, TER...
Mas qual o conceito do “necessário”? Em que momento da sua construção educacional, alguém te convidou a pensar no que realmente precisa, para viver?

Além do mais, a doutrinação do servir é vasta. Penso que os anos de formação “essencial” ensinaram-me a obedecer o sentido da existência, onde todos fazem a mesma coisa e caminham em direção às mesmas “conquistas”.

Todo ano, trabalha-se 12 meses, para que em dezembro adquira-se o direito de receber uma décima terceira parte de salário e, também, todo mês 12, organiza-se grande movimentação de investimento em adquirir coisas, talvez, desnecessárias, então todo o ciclo de disposição da energia da pessoa humana, provavelmente será revertido em alimentos, bebidas e mais acúmulo de objetos. Mas, e o sistema?
Quanto o sistema lucra, com seu tempo?

Esse assunto é inesgotável.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Saúde mental como método preventivo

Um corpo vivo produz trauma, sendo este um fato observável. A palavra “trauma”, vem do grego antigo e significa ferida.

Todos os anos, meses, semanas, dias e momentos, nosso corpo promove uma ação chamada apoptose que consiste em um processo ordenado, no qual o conteúdo da célula é compactado em pequenos pacotes de membrana para a “coleta de lixo”, pelas células do sistema imunológico.

E o que uma coisa tem a ver com a outra?
Independente da inação em mudar o pensamento, a conduta ativa ou a visão que tenho do mundo, meu corpo em sua infinita sabedoria, irá convidar-me a alterar o meu modo de agir. Entretanto, existe uma cultura que acredita piamente, em fórmulas e resultados mágicos. Nosso corpo é projetado para a mudança constante. Mas em que momento da vida, que a gente passa a encarar, toda a necessidade de transformação como algo catastrófico ou cansativo?

Relacionamento, emprego, conquista material, física ou espiritual, quais são as causas e as condições necessárias para que seja criado um motivo e uma ação que acompanhe, justifique e consolide essa mudança?

Pois bem, em toda evolução, seja ela percebida como grande ou pequena, existe algum elemento que precisará ser deixado para trás, seja um objeto, um hábito, ambiente, pessoa, pensamento…

Alguns estudos, comentam que nossas células renovam-se sempre entre períodos de 7 a 10 anos, dependendo de sua função e conexão com outras dentro do corpo, e é aqui que entra o princípio da autogestão, onde uma “sociedade viva” passa por racionalidade e ação facilitadora ao método de comunicar-se melhor entre si, para defender seus interesses comuns. No que diz respeito a, após uma concepção de gerir a própria existência, é perfeitamente possível passar a um processo de mentalidade autônoma ampliada aos termos de saúde mental.

Algumas pessoas dizem: Mas, se não houver mais clientes, como ficarão seus lucros?
Ou seja, a dor e as emoções desordenadas são altamente lucrativas. Porém, penso que há muito mais inteligência em criAtivamente, possibilitarmos ações preventivas, cada um dentro de sua expertise, para que nossa interdependência flua sempre e cada vez melhor.
 

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Saúde mental e disciplina


 Houve um momento da vida, em que eu estava passando por uma situação emocional péssima e tive uma grande ideia: Vou emagrecer, que o problema deve ser esse! No dia seguinte, estava lá na academia, paguei 12 meses com um desconto maravilhoso e frequentei 7 dias. A verdade, era que naquele momento eu tinha uma decisão séria para tomar e  queria fugir da responsabilidade. De modo algum, afirmo, que as pessoas praticam exercícios por esse motivo, mas a ideia que trago para a superfície dessa estória é sobre a dificuldade em manter a disciplina e no quanto ela está relacionada com questões emocionais. Um corpo saudável, acompanha um estado emocional saudável, pela definição da OMS, saúde não é somente ausência de doença, sabia?


Agora, imagine que a sua mente é uma academia e precisa de algum “esforço”, para ser visitada todos os dias. Lá você personaliza o treino, treina, limpa, monta as estruturas, coloca a música, compra suprimentos, abre e fecha as portas todos os dias. O que acontece, se não cuidar do espaço, deixar lixos acumulando, equipamentos empoeirados, vidros embaçados e o som desligado? 

Se consegue visualizar um ambiente abandonado, é a mesma coisa que fazemos, quando não nos damos oportunidade de meditar acerca da: Alimentação, movimento do corpo que pode ser realizado de inúmeras formas, qualidade dos pensamentos, ambientes que frequenta, pessoas com quem se relaciona, músicas e tipos de conteúdos consumidos através de qualquer tipo de mídia.


Saúde mental em boas condições, exige a prática de observar  a si, um pouco de tempo, todos os dias. Hora ou outra, realmente fica muito cansativo fazer isso, devido às demandas da rotina e uma parte muito importante que é encaminhada para um “debaixo do tapete” que teorias como as de Freud e Jung vão tratar por inconsciente. Sempre que precisar, descanse, mas não se abandone. Uma vez que esse “espaço” está saturado, necessita de restauração, reclamará em forma de sintomas: Ansiedade, tristeza, angústia, sensação de inaptidão, insônia, etc…


Todas as práticas, métodos, fórmulas, substâncias, não são páreas para um corpo que não analisa a si mesmo, seja emocionalmente, fisicamente ou até mesmo espiritualmente.


Invocação da Alegria

  Busquemos caminhos e meios para sonhar alto! Voz necessária, Forma bonita, forte, potente e plena de permanecer em brilho, A Voz de todas ...